Sonora Brasil abre espaço para música indígena


Com o tema “A música dos povos originários do Brasil”, a  22ª edição do Sonora Brasil chega ao Pará trazendo para Castanhal, no dia 10 de maio, a diversidade musical e estética dos povos indígenas.

Promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), o maior projeto de circulação musical do país já alcançou 750 mil pessoas, com 6.098 concertos, de 85 grupos, em mais de 150 cidades brasileiras. Ao todo, 431 músicos já se apresentaram no circuito, que a cada biênio aborda duas temáticas diferentes e promove a circulação dos artistas por todas as regiões brasileiras.

Neste ano, o tema que percorrerá o Pará será “A Música dos Povos Originários do Brasil”, iniciando com a apresentação dos grupos Wagôh Pakob e Opok Pyhokop, de Rondônia, no dia 10/05, às 19h, no Sesc em Castanhal.

A entrada é franca.

Grupo Wagoh Pakob- Paiter Surui. Foto: Ubiratan Surui

CURADORIA

Uma curadoria formada por profissionais do Sesc de todo o país é responsável pela escolha dos temas e grupos que integram a programação do Sonora Brasil.

O tema “A Música dos Povos Originários do Brasil” será apresentado por meio de quatro circuitos, com dois grupos diferentes em cada, mostrando um pouco da diversidade musical e estética dos povos indígenas. Os circuitos são compostos pelos grupos tradicionais: Teko Guarani, do povo Mbyá-Guarani (RS) e Nóg gã, Kaingang (RS); Dzubucuá, do povo Kariri-Xocó (AL) e Memória Fulni-ô, Fulni-ô (PE); Opok Pyhokop, do povo Karitiana (RO) e Wagôh Pakob, do Paiter Surui (RO); e pelo grupo Wiyae que reúne os trabalhos da artista indígena Djuena Tikuna (AM) e da cantora e pesquisadora Magda Pucci (SP) do grupo Mawaca.

 “Há 22 anos, o Sonora Brasil desperta o interesse do público para expressões musicais identificadas com a história da música brasileira, apresentando grupos que estão fora dos grandes centros culturais. Durante dois anos os artistas se revezam pelo país, percorrendo todas as regiões, em extensa programação cultural”, explica Gilberto Figueiredo, analista de cultura do Departamento Nacional do Sesc.

A música é um dos elementos mais ricos da cultura e arte indígena e uma porta de entrada privilegiada a um universo tão diversificado ainda desconhecido. Com  cantos, danças e instrumentos de cordas, sopro e percussão, três circuitos trazem grupos tradicionais, apresentando suas tradições culturais e cotidiano das aldeias. O circuito Wiyae apresentará um repertório de arranjos elaborados com utilização de  instrumentos musicais não indígenas e  o trabalho composicional e artístico  de uma indígena da atualidade, mostrando as novas perspectivas sobre identidade cultural desses povos.

O Grupo Wagôh Pakob é formado por Gasodá Suruí, doutor em Geografia pela UNIR, Maria Leonice Tupari (Tori), Coordenadora da GIR-Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia, Luiz Mopilabaten Suruí, Leoneide Myde, Lucia Suruí (Paweika), Chicoepab Suruí Dias, Narré Suruí e Rubens Iamay Suruí que vivem na aldeia Paiter da linha 9, em Rondônia. Além das canções tradicionais relacionadas a rituais, que relatam narrativas míticas e relembram momentos da história dos Paiter ou que retratam tarefas do cotidiano, os Paiter têm canções atribuídas à criação individual e cantadas somente por seus criadores.

Grupo Opok Pyhokop é formado por Taobina, pajé dos Karitiana e cacique da Aldeia Byjyty Osop Aky, Pitana, estudante de agronomia e presidente da Associação Indígena Karitiana, e pelos anciãos Pyridna, Taogydna e Bypan Ywemp.A música tradicional do povo Karitiana, um dos muitos grupos indígenas do estado de Rondônia,  é fortemente relacionada ao sagrado. Os anciãos são enfáticos nas orientações sobre a execução dos cânticos de proteção e de aplicação de remédios pelo pajé, que, por exemplo, devem ser cantados sempre da mesma forma e sem os instrumentos de sopro.

Até o fim de 2019, os 63 artistas dos dois temas farão 350 apresentações, em 97 cidades. O tema “Líricas Femininas” circulará pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste enquanto o tema “A Música dos Povos Originários do Brasil” seguirá pelas regiões Norte e Nordeste. No ano seguinte os grupos invertem as regiões fazendo com que todos circulem por todo o país.

“O Sonora privilegia temas que mantenham as raízes da música brasileira e que não tenham uma abordagem recorrente na mídia. Este ano estamos indo além, reforçando a importância do olhar diferenciado para a música feminina e indígena”, conclui Gilberto.

O projeto continuará a circular no Pará nos meses de setembro, outubro e novembro.

SERVIÇO

Sonora Brasil – Grupos Wagôh Pakob e Opok Pyhokop (RO) 

Dia: 10/05/2019

Hora: 19h

Local: Sesc em Castanhal (Av. Barão do Rio Barão, 10 – Nova Olinda)